segunda-feira, 23 de março de 2020

Língua Portuguesa - Ensino Fundamental II (8ºA e 8ºB)

Esopo

Esopo era um escravo de rara inteligência que servia à casa de um conhecido chefe militar da antiga Grécia. Certo dia, em que seu patrão conversava com outro companheiro sobre os males e as virtudes do mundo, Esopo foi chamado a dar a sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu seguramente:
— Tenho a mais absoluta certeza de que a maior virtude da Terra está á venda no mercado.
— Como? – perguntou o amo, surpreso – Tens certeza do que estás falando? Como podes afirmar tal coisa?
— Não só afirmo, como, se meu amo permitir, irei até lá e trarei a maior virtude da Terra.
Com a devida autorização do amo, saiu Esopo e, dali a alguns minutos, voltou carregando um pequeno embrulho. Ao abrir o pacote, o velho chefe encontrou vários pedaços de língua e, enfurecido, deu ao escravo uma chance para se explicar.
— Meu amo, não vos enganei – retrucou Esopo — A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir. Pela língua os ensinos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados, as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos. Acaso podeis negar essas verdades, meu amo?
— Boa, meu caro – retrucou o amo – Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo?
— É perfeitamente possível, senhor. E com nova autorização de meu amo, irei novamente ao mercado e de lá trarei o pior vício de toda Terra.
Concedida a permissão, Esopo saiu novamente e dali a minutos voltava com outro pacote, semelhante ao primeiro. Ao abri-lo, o amo encontrou novamente pedaços de língua. Desapontado, interrogou o escravo e obteve dele surpreendente resposta:
— Por que vos admirais de minha escolha? Do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores, se transforma no pior dos vícios. Através dela tecem-se as intrigas e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido. Através da língua, estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social. Acaso podeis refutar o que digo? – indagou Esopo.
Impressionado com a inteligência invulgar do serviçal, o senhor calou-se, comovido, e, no mesmo instante, reconhecendo o disparate que era ter um homem tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade.
Esopo aceitou a libertação e tornou-se, mais tarde, um contador de fábulas muito conhecido da Antiguidade, cujas histórias até hoje se espalham por todo o mundo.

(Autor desconhecido)

1) Essa narrativa tem como protagonistas:

a) o amo e o patrão
b) o chefe militar e o escravo
c) o companheiro e o patrão
d) o servo e o escravo

2) A passagem “indagou Esopo” pode ser escrita, mantendo-se o mesmo sentido, como:

a) respondeu Esopo;
b) percebeu Esopo;
c) perguntou Esopo;
d) assegurou Esopo;

3) Segundo o texto, a língua tanto serve para as virtudes quanto para os vícios do mundo. Como exemplo de virtude e vício, respectivamente, podem-se citar:
a) ensinamentos filosóficos e conceitos religiosos;
b) discussões infrutíferas e obras literárias;
c) rede de intrigas e desentendimentos;
d) ensinamento das verdades santas e criação de anedotas vulgares;

4) Em “impressionado com a inteligência invulgar do serviçal…”, o adjetivo destacado significa:

a) rara
b) medíocre
c) impopular
d) respeitosa

5) Em “Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo?”, a oração destacada tem o sentido de:

a) finalidade
b) condição
c) causa
d) consequência

6) De acordo com o texto, quando a língua é mal utilizada, intrigas e violências verbais podem ser:

a) confrontadas
b) armadas
c) superadas
d) rejeitadas

7) Em “por ela mesma ensinadas…”, a palavra destacada está no feminino plural em concordância com:

a) “violências”
b) “anedotas”
c) “verdades”
d) “discussões”

8) Em “Ao abri-lo”, o pronome foi usado para substituir a seguinte palavra:

a) pacote
b) amo
c) primeiro
d) Esopo

9) O sentido de negação, em determinadas palavras, é dado por prefixos, como em:

a) “impressionado” e “intrigas”
b) “infrutíferas” e “desentendimentos”
c) “desapontado” e “inteligência”
d) “interrogou” e “ensinadas”

10) Nessa história, a libertação do escravo se deve ao fato de Esopo:

a) fazer boas compras
b) ser educado
c) falar muito bem
d) ter grande sabedoria

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